Atraídas e envolvidas em paqueras iniciadas por redes sociais ou aplicativos de relacionamento, mulheres têm sido vítimas de estupros, agressões e golpes.
Um dos casos foi vivido por uma enfermeira de 41 anos, após iniciar um relacionamento por um aplicativo. O vendedor Fabiano Thomé Faria, 38, natural de São Paulo, foi preso, acusado de agredir e estuprar a vítima.
A enfermeira afirmou que foi violentada pelo criminoso por duas vezes em um período de 48 horas, no bairro Santa Paula, Vila Velha.
Ela explicou que conheceu o vendedor há um ano e, há cerca de um mês, concordou em hospedá-lo em sua casa. “Ele ia ficar dois dias, mas acabou ficando muito mais. No começo, não tinha medo. Ele aparentava ser uma boa pessoa, responsável”.
Porém, o vendedor se tornou agressivo e a vítima pediu que ele fosse embora. Ele saiu da casa da enfermeira na última sexta-feira, mas retornou no sábado.
O suspeito invadiu a casa e passou a agredir a vítima com socos e chutes. O filho dela, de 11 anos, viu a cena. Logo depois, o acusado teria levado a enfermeira para o quarto e se trancado com ela. “Ele começou o ato sexual à força, mas eu consegui me soltar. Peguei uma faca, nós lutamos, ele fugiu”.
Na noite de segunda-feira, às 18 horas, o suspeito retornou. A vítima destacou que ele pulou o muro do condomínio e, mais uma vez, a agrediu com socos, chutes e puxões de cabelo. O filho dela presenciou o crime novamente. Fabiano, então, trancou a enfermeira no quarto e a teria estuprado.
O acusado fugiu em seguida e voltou ao condomínio às 21 horas. “Fui até a portaria e pedi que ele me deixasse em paz. Ele passou a me ofender. Nisso a PM chegou e o prendeu”, declarou a vítima. Ela e o acusado foram encaminhados ao Plantão Especializado da Mulher (PEM), em Vitória.
A delegada do PEM Suzana Garcia afirmou que há outros casos de mulheres que, assim como a enfermeira, conhecem pessoas pela internet e acabam sendo vítimas de crimes. “Há casos de violência física, sexual e patrimonial, quando esses homens conseguem subtrair pertences, dinheiro ou contraem dívidas em nome das vítimas, após conquistarem sua confiança”.
Riscos de encontros com desconhecidos
Se, por um lado, a tecnologia tem facilitado que pessoas se conectem, por outro, ela também oferece facilidades para criminosos. Por trás de computadores ou celulares, eles conseguem ocultar sua real personalidade ou intenção ao se aproximarem das vítimas.
Para o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade de Souza Silva, nas redes sociais ou aplicativos, as pessoas podem assumir qualquer identidade.
“O mundo virtual é facilitador para o criminoso. Ao se relacionar com uma pessoa pela tela de um computador ou de um telefone, não há certeza de quem está realmente do outro lado. Por isso, é preciso privilegiar encontros reais e evitar os virtuais.”
Ele ressaltou que, caso um internauta opte por encontrar pessoalmente alguém que conheceu no ambiente virtual, é preciso tomar cuidados, como marcar o encontro sempre em locais públicos e de grande circulação de pessoas.
A delegada Suzana Garcia, do Plantão Especializado de Atendimento à Mulher, frisou que a internet possibilita que criminosos ocultem informações como dados pessoais e características de sua personalidade.
“Todo início de relacionamento demanda um cuidado, mas a aproximação pela internet ou por aplicativos precisa de um cuidado maior. É possível minimizar os riscos.”
Entre os cuidados, ela orienta evitar primeiros encontros em locais privados, além de buscar sempre dados concretos sobre o outro, como emprego e endereço. “Desconfie se a pessoa evitar fornecer dados ou se contradizer sobre as informações passadas.”
Ela acrescentou que a aceleração do processo de relacionamento também tem que ser vista com desconfiança. “Se a pessoa, logo nos primeiros contatos, já faz declarações de amor, promessas, fique atento. Esse relacionamento muito intenso e a dependência afetiva não são normais”, ressaltou.
A delegada disse ainda que é preciso ter cautela com a exposição nas redes sociais. “Muitas mulheres colocam dados pessoais, muitas fotos, informações que indicam a rotina de trabalho e estudos, o padrão de vida. Isso deve ser evitado”.
Fonte: Tribunaonline