Os dados referentes ao número de empresas que fecharam e abriram no primeiro semestre de 2020 no Espírito Santo não são animadores. De acordo com informações da Junta Comercial do Estado (Jucees), o índice das empresas que fecharam é o maior desde 2010.
Ao todo, 4.585 empresas fecharam as portas no primeiro semestre deste ano, sendo um aumento de 16% em comparação com o mesmo período de 2019. A média anual, até o momento, é de 2820,1 empresas fechadas.
Além disso, o número de empresas abertas caiu, e é o menor em cinco anos. Ainda de acordo com dados da Jucees, 5.582 empresas foram abertas no primeiro semestre deste ano, sendo uma queda de 18% em comparação com o mesmo período do ano passado. A média anual, até o momento, é de 6.270 empresas abertas.
Com isso, é possível perceber que o número de empresas que abrem é maior do que o número de empresas que estão fechando. Por outro lado, também é possível perceber que enquanto o número de aberturas de empresas vem caindo, o de fechamentos sobe (gráfico acima).
Essa movimentação, mesmo com os índices desanimadores, para o presidente da Junta Comercial, Carlos Roberto Rafael, significa que o empreendedor e o investimento estão migrando e mudando de atividade.
“Houve uma mudança do perfil de abertura das empresas, porque sempre em primeiro lugar tiveram atividades ligadas à alimentação, entre elas restaurantes, lanchonetes, mercearia, no ranking de atividade. Nesse período [de pandemia] quem passou para primeiro foram as empresas ligadas a questão de saúde, porque a demanda do mercado se voltou para consultórios. Ou seja, você tem aumento na demanda, que está em primeiro lugar nesse ramo, que é o que tá hoje predominando e isso é relevante”, ressaltou.
Além da pandemia
Ainda de acordo com o presidente da Jucees, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), de forma genérica, interfere nos dados consolidados do primeiro semestre. No entanto, Rafael destaca que não pode-se afirmar que a pandemia é a causa principal e única.
“Tem uma determinação de janeiro deste ano, que busca eliminar a burocracia e facilitar a questão empresarial, onde o governo federal criou, estabeleceu e instituiu a não cobrança por baixa de empresas e antes disso não tinha. De lá pra cá, não precisa mais pagar taxa, e isso em estados que têm as Juntas Comerciais se tornou um prejuízo, era uma receita que foi tirada por lei”, explicou, ressaltando que muitas empresas não fechavam por conta de todo o trabalho e custo.
Dessa forma, segundo o presidente da Jucees, um grande fluxo de empresários, eventualmente, antecipou e procurou de forma mais rápida dar baixa nas empresas, o que coincidiu com o período da pandemia. Na média, o custo para extinção de empresas chega perto dos R$ 300.
“Elas [empresas] têm atrativos para fechar e provavelmente tem interesse. Quem tem uma empresa no próprio nome não pode participar de outros programas, e quando sai dessa condição ela pode fazer uso do benefício de governo federal”, exemplificou, destacando que é preciso separar empresas que já não existiam, o que também pode ter acelerado o processo, e assim não é possível fazer uma avaliação pessimista no Espírito Santo.
Fonte: ESHoje