Enquanto não tiver tratamento definido e vacina, as questões relacionadas ao novo coronavírus (Covid-19) vão sendo descobertas e solucionadas á medida que acontecem. Como afirmam os profissionais de saúde, tudo é novo e desconhecido. Inclusive a possibilidade de uma pessoa ser contaminada mais de uma vez pelo vírus.
Isso foi o que aconteceu com a fisioterapeuta Cristiane Trancoso, 29, que em março, quando a doença estava controlada no Espírito Santo e ainda não se tinha alcançado o estágio de contaminação comunitária, ela pegou a doença de uma paciente que chegou a falecer.
“Ela se internou na UTI com quadro de pneumonia, depois evoluiu, precisou ser entubada, transferida do hospital que eu trabalhava para o Dr. Jayme Santos Neves e morreu. Todos os profissionais que atuaram naquele atendimento foram testados e o meu deu positivo”, relembra a fisioterapeuta.
“Temos alguns casos que estamos avaliando e investigando porque tiveram resultado de exames de PCR positivo um tempo depois de terem realizado este mesmo exame, num tempo maior do que 30 dias”, reconheceu o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, durante entrevista coletiva organizada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), na segunda-feira (20).
A profissional da saúde Cristiane Trancoso lembra que em março, quando fez o primeiro exame, de PCR, ele foi feito em laboratório particular, dando positivo e na contraprova do Laboratório Central do Estado (Lacen-ES), dois dias depois, ela testou negativo. Todos os exames a que ela foi submetida foram do PCR.
“Ficou a dúvida, pois não sabemos se foi um falso positivo ou o negativo veio por conta do prazo, já que eu estava de isolamento a partir da suspeita do quadro da paciente que atendemos, e veio a falecer”. A fisioterapeuta lembra, ainda, que na primeira vez que precisou se isolar o único quadro que apresentou foi “garganta arranhada”. “Bem típica de quem tem rinite alérgica e o tempo muda. Foi apenas isso”.
Mas o segundo positivo para ela, que trabalha em UTI para Covid-19 em hospital particular localizado no município da Serra, na Grande Vitória, foi no mês de junho, quando o corpo sentiu mais. “Desta vez senti dores no corpo, quadro febril, perda de olfato e paladar. O fato de eu ter positivado duas vezes chamou a atenção do hospital que está analisando os meus testes”.
“Estamos ainda avaliando se esta situação ocorreu em função de alguma questão operacional, como data da coleta ou tempo adequado e outras questões que podem interferir no exame. Ou mesmo se é algo residual da primeira infecção. Ainda estamos avaliando. Não temos nenhuma conclusão, mas, sim, estamos investigando algumas pessoas que têm esse resultado positivo”, afirmou Reblin.
Imunidade de rebanho
No resto do mundo os quadros de pacientes infectados mais de uma vez está sendo investigada, tanto quando a chamada “imunidade de rebanho”. Inicialmente não se acreditava na possibilidade de recontaminação, mas dados coletados por cientistas e sanitaristas do mundo inteiro estão caminhando neste sentido.
Os primeiros estudos apontaram para a imunização por um período de até três meses. Mas tudo ainda é análise. Outro estudo que vem sendo realizado é a imunidade de grupo ou de rebanho é a proteção indireta de uma doença infecciosa que ocorre quando uma população é imune por vacinação ou imunidade desenvolvida por infecção anterior.
Isso significa que mesmo as pessoas que não foram infectadas ou nas quais uma infecção não desencadeou uma resposta imune, elas estão protegidas porque as pessoas ao seu redor que são imunes podem atuar como amortecedores entre elas e uma pessoa infectada. O limiar para estabelecer imunidade de rebanho para a COVID-19 não está claro no momento.
Fonte: ESHoje