A Operação Piànjú, deflagrada na terça-feira (15) pela Polícia Civil do Espírito Santo, em conjunto com o Ministério Público Estadual (MPES), prendeu dois empresários capixabas apontados como líderes de um esquema fraudulento.
Segundo a polícia, o grupo criminoso é acusado de praticar diversos crimes, como organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.
Durante a tarde de terça-feira, a equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV teve acesso à marina onde Pablo Sandes mantinha um escritório. O negócio se baseia em venda compartilhada de jet skis. Entretanto, o gerente do local, Cleber Chagas, disse que, atualmente, a empresa pertence a outro dono, que não é alvo da operação. “Nós arrendamos. Então queremos deixar claro que nossa empresa não está sendo investigada, não temos vínculo algum. Está tudo certinho, estamos de acordo com a lei. Não temos nada com os antigos proprietários”, declarou.
Além disso, segundo as investigações, a organização se relacionava com empresas investigadas por atuarem com os doleiros Alberto Youssef e Nelma Kodama, todos no âmbito da Força Tarefa da Lava Jato, além de uma empresa investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, por desvios de mais de R$ 98 milhões em ICMS.
A organização criminosa, que tinha sede no Espírito Santo, teria movimentado mais de R$ 800 milhões em valor global. “Esse dinheiro era enviado para eles por outras empresas, sediadas em outros estados da federação. Provavelmente, eram frutos ou da operação Lava Jato, de desvios de corrupção, ou de outras atividades criminosas, que serão ainda objetos de investigação dentro do nosso inquérito”, destacou o delegado da Polícia Civil João Paulo Pinto.
As investigações da PCES e do MPES indicam ainda que os membros responsáveis pelo esquema de lavagem de dinheiro usavam empresas de fachada, criadas por meio de identidades falsas, expedidas pela própria Polícia Civil do Espírito Santo, para enviar dinheiro para bancos no exterior. Os beneficiários da lavagem, ou seja, os “clientes” da organização, tinham os valores remetidos para contas de empresas localizadas na China e nos Estados Unidos.
Operação Piànjú
Segundo a polícia, o grupo criminoso é acusado de praticar diversos crimes, entre eles: organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.
A operação foi realizada de forma simultânea nos estados do Espírito Santo (Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica), São Paulo (Capital, Santos e Jaguariúna), Ceará (Fortaleza) e Alagoas (Maceió). Ao todo, dez empresários foram detidos, sendo quatro presos no Espírito Santo, cinco em São Paulo e um no Ceará. Além disso, foram apreendidos cerca de US$ 600 mil, veículos de luxo, motos aquáticas e embarcações, que seriam dessa organização criminosa.
Ao todo, foram expedidos 126 mandados judiciais, sendo 18 mandados de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 30 de busca e apreensão, 23 sequestros de embarcações, 43 ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias e duas ordens judiciais de suspensão de atividades econômicas.
Entre as ordens de busca e apreensão, encontravam-se 12 imóveis, três veículos de luxo (Porsche Panamera, Maserati Granturismo S e Mercedes Benz GLA200FF), 12 motos aquáticas e 11 embarcações. Foi necessária, inclusive, a utilização de uma máquina de contar dinheiro devido ao grande volume de cédulas encontradas.
Falsa notificação de crime
O esquema começou a ser investigado em 2018, depois de uma falsa notificação de crime. A Polícia Civil descobriu que um caminhão, que teria sido roubado, na verdade sequer existia. Tratava-se, segundo as investigações, de um dos artifícios usados para lavar dinheiro, o que incluía também a emissão de notas fiscais internacionais. Segundo a polícia, para tentar encobrir tudo, o grupo sempre pagava os impostos das operações.
“Essa última empresa fraudava notas fiscais internacionais e operações de câmbio, pagava todos os impostos relativos ao envio desse dinheiro para o exterior e, assim, eles cometiam a fraude”, explicou João Paulo Pinto.
Fonte: FV