A rotina do mundo inteiro mudou com a pandemia do novo coronavírus. A recomendação é ficar em casa. Com isso, para muitos, o ócio é inevitável. Mas, enquanto uns se deixam desaminar, outros aproveitam o momento para soltar a criatividade.
E se engana quem pensa que é preciso ser bem sucedido ou um grande empreendedor, por exemplo, para isso. Com apenas 17 anos, de família humilde, o morador do bairro Porto Grande em Guarapari, Wallison Almeida dos Santos Costa, tem dado mais cor à vida de muitos vizinhos.
Muros, papéis, telas… Nada passa em branco na vida de Wallison. O jovem dá asas à imaginação em pinturas que chamam a atenção pelos traços expressivos e ricos em detalhes. Mais que um hobby em desenhar, essa foi a forma que ele encontrou para se expressar.
Diagnosticado com autismo, a mãe Cláudia Almeida dos Santos conta que na mesma época em que descobriu o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no filho, também percebeu o talento que havia nele. “Quando ele tinha quatro anos foi à praia e viu um desenho na pedra. Curioso, perguntou ao pai que desenho era aquele. Se tratava de um peixe. O pai desenhou na areia, iniciando uma brincadeira, e causou nele uma vontade de desenhar. Desde então, começou a fazer seus próprios desenhos”.
A mãe ainda conta que Wallison cresceu sonhando em fazer aula de desenho e pintura, só que a família nunca teve condições. Mas mesmo assim, os incentivos em casa não faltavam. “Ele sempre chegava da creche e já ia logo desenhar. Além disso, fazia seus próprios brinquedos. Transformava caixa leite, por exemplo, em carrinho”.
E não é que a pandemia trouxe uma reviravolta na vida do jovem? A situação financeira da família se agravou. A mãe, que é faxineira, ficou sem trabalho. O pai Adilson Rodrigues da Costa, que é jardineiro e caseiro em Meaípe, também teve redução na renda. Foi Tânia Vivacqua, uma moradora de Guarapari, que o descobriu por acaso. Ao fazer distribuições de cestas básicas à algumas famílias carentes por conta da covid-19, Tânia se deparou com a arte de Wallison.
“É uma rapaz que tem um talento nato incrível em desenhos e pinturas. Ele me mostrou as artes e propus a ele uma pintura no muro da minha casa. Sendo que nunca antes havia feito pinturas em muro e nunca teve nenhuma remuneração de suas artes”, contou.
O desenho no muro da casa de Tânia é uma reprodução, mas Wallison também cria! Aliás, esse é seu ponto forte. Admirada com o trabalho do jovem, a vizinha tem ajudado na divulgação. Pessoas da Grande Vitória e até do norte do estado já entraram em contato com a família interessadas nas artes, que pela primeira vez passaram a ter preço. Elas variam de R$25,00 à R$150,00.
Uma renda que além de ajudar a família nesse momento difícil já tem também um outro objetivo. O sonho de Wallison é se matricular em uma escola de desenho e pintura e comprar um computador para fazer seu canal no Youtube.
Fonte: Folha Vitória
