“A justiça no caso de Milena Gottardi vai acontecer se todos pegarem pena máxima, principalmente Hilário e o pai dele, o Esperidião. Eles precisam continuar presos pois são muito influentes. Se forem soltos, vão matar mais gente”, afirma o tio da médica, o aposentado Geraldo Gottardi, 69 anos.
Ele se refere ao resultado do julgamento, que começa na próxima segunda-feira (23), após quatro anos depois do crime. O júri irá definir o destino de seis réus, apontados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) como responsáveis pelo assassinato de sua sobrinha em 14 de setembro de 2017.
O julgamento estava inicialmente marcado para 8 de março, Dia Internacional da Mulher, mas foi suspenso.
Milena foi morta baleada na cabeça quando saía do plantão do Hospital das Clínicas, em Maruípe, Vitória. As investigações apontaram a participação do então marido da médica, o ex-policial civil Hilário Frasson, e o pai dele, Esperidião Frasson.
“Nossa família sofreu muito com essa demora. Já vai para mais de três anos desde o crime. Mas, foi mais uma prova de que eles (Hilário e Esperidião) têm contatos com pessoas de poder e tentam adiar o quanto podem. Mas, estaremos atentos. O Judiciário não pode dar mordomia para eles. Não tinham motivo nenhum para fazer o que fizeram. São muito perigosos”, aponta.
Ele acompanhou a sobrinha em seus últimos meses de vida e as tentativas de refazer a vida longe de Hilário Frasson. Segundo ele, Frasson e o pai agiram sob influência da ganância.
“Milena não queria nada deles. Já havia entregue o carro e disse que não fazia questão de levar nada. Iria se separar de Hilário e sair daquele apartamento praticamente sem nada e recomeçar a vida. Já tinha decidido. Estava muito bem na sua carreira de médica e fazendo pesquisa na área de câncer infantil. Iria abrir uma clínica com outros colegas”, relembra.
Leia também: Caso Milena Gottardi: julgamento dos réus será no dia 23 de agosto
Leia também: Hilário queria que Milena Gottardi fosse morta na Serra para ser julgado por ‘juiz amigo’
Leia também: Acusado de mandar matar Milena Gottardi, Hilário Frasson é expulso da Polícia Civil
“Ela iria assinar o divórcio no dia seguinte ao que foi assassinada”, recorda. Gottardi acredita que poderia ter feito algo na época.
“De repente, andar mais com ela, dar alguma proteção, não sei de que jeito. Mas Milena disse que não era motivo para a gente ficar preocupado. Ela falava que Hilário era perigoso, mas que tudo já estava certo: ela iria se separar e se afastar dele e que seria feliz com as filhas. O destino foi outro”, lamenta.
Filhas de Milena não falam sobre o pai
Após o crime e com o pai acusado de tramar o assassinato, a Justiça deu, em setembro de 2020, a guarda definitiva das duas filhas do casal ao irmão de Milena, o inspetor de solda Douglas Gottardi Tonini. Atualmente, eles vivem em Fundão.